Bandidos em fuga rechearam com sete balas um pobre ciclista que passava pelo seu caminho. Simplesmente para ver se a vítima esburacada serviria de obstáculo para a polícia, que vinha no seu encalço. Ontem, no Jornal Nacional, noticiaram o crime e mostraram a tal bicicleta. Hoje, no Estado de São Paulo, a notícia veio com uma caixa de destaque falando do amor do jovem assassinado pela sua bicicleta, de como ela era seu xodó, e que todo dinheiro que ele ganhava investia na “magrela”.
Me lembrei de uma crônica, na qual Nelson Rodrigues fala do jornalista que inventa um canário cantando até a morte para dar mais drama a um incêndio chinfrim que ele precisou noticiar. Não havia vítimas, a destruição foi pouca. O passarinho imaginário, no entanto, fez a notícia virar assunto.
Me lembrei de uma crônica, na qual Nelson Rodrigues fala do jornalista que inventa um canário cantando até a morte para dar mais drama a um incêndio chinfrim que ele precisou noticiar. Não havia vítimas, a destruição foi pouca. O passarinho imaginário, no entanto, fez a notícia virar assunto.
Pelo visto os jornalistas de hoje acham que ser trucidado com uma sariavada de balas não causa impacto suficiente, e resolveram transformar a bicicleta orfã no canário agonizante.
O pior é que a bicicleta saiu ilesa do episódio.
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